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Candonga

Mercado negro de ideias da minha cabeça.

Candonga

Mercado negro de ideias da minha cabeça.

23 de Janeiro, 2022

Escrita automática

Bruno Gouveia

Tentei escrever vinte minutos, automaticamente, como sugeriu Ricardo Araújo Pereira. Não saiu bem. Ora vê:

 

Lalalalala não sei o que hei-de escrever. Estou no modo escrita automática. Vou tentar isto por 20 minutos né? Vamos ver, tenho de acabar às 1 e 5. Hm.. em que é que estou a pensar? Sei lá. Era uma vez um trovador que tinha lombrigas e sabia a tabuada dos 87 de cor e salteado. Salteado de espinafres. Guarnição pequena. Ai como é que era aquilo. Entulho e gorgulho, já não sei

 

Entulho e gorgulho

 

Será nome para blogue? Vamos ver no que dá.

Acho que isto vem de uma memória de alguns almoços do secundário, quando íamos comer ao Burger Ranch. No talão vinha lá aquele nome da empresa e sempre achei estranho. Acho que nunca soube o que quer dizer gorgulho. É hoje que vou descobrir. Mas antes disso, deixa imaginar o que é. Será um saco de massa? Massinhas letrinhas ou pevides? Ai pevides.

 

Adorava comer pevides que a minha ama me dava. Ela secava-as e eu passava na marquise a comer pevides, directamente da toalha estendida no chão.

 

Olha, posso adicionar este detalhe à história do amolador. Será que porque pensei nisso há pouco me surgiu esta ideia? Não sei. Já me doem os dedos. É deste teclado que não é ergonómico para escrever. Queria colocar o outro mas já falei disto noutro texto. O que é que hei-de fazer com a minha escrita?

Não sei se quero fazer um blogue, sinto-me muito exposto. Mas posso sempre usar um pseudônimo. Pode ser. Será que devia continuar o podcast? Talvez, mas não tenho tido ideias.

Hoje tive a ideia do homem-vagina. Será que isso pode ser uma ideia para uma radionovela? É possível.

 

Homem-vagina. Preciso de um conflito para ele, e isso talvez inclua um vilão. Nem sei. Hm… Deixa cá ver. O que é que uma vagina tem como dificuldade? Candidíase? Depilação? Não sei. Será que o Spike pode ser um vilão? Um gajo que se transforma em agulhas? Ai as minhas artroses. Se não estivesse já todo lançado a escrever esta merda ia já trocar de teclado. Caralho, foda-se, puta que pariu, piças piças piças, cona cona cona

 

Ai para onde vou agora? Tenho o homem-vagina e o Spike como inimigo. O vagina homem engole o spike sem saber que ele se transforma em agulhas e ele, lá dentro, para se safar, transforma-se em ouriço e fura o vagina homem todo? Não sei se é interessante. Acho que o homem vagina não passa disto. Pode ser um episódio talvez. Mas até queria experimentar desenhar qualquer coisa. Não tenho jeito nenhum mas wtf. Nem sei o que digo. Será que o quê? Estou a ouvir a barbara tinoco mas já me fartei. É giro e tal a voz dela meio criançuda mas cansa rápido. Agora gostava de estar a ouvir Rui Veloso. Posso mudar? Ou  não posso largar estas teclas duras e altas? Duras e altas as putas de merda.



E é isto uma torrente de pensamento sem critério. Ainda tenho 13 minutos para dedilhar. Do que posso falar agora?

 

De um cidadão do mundo que caiu numa panela radioactiva e ficou com orelhas de burro. Agora toda a gente goza com ele. Também não tem piada. Não tenho jeito para isto da escrita. Que faço eu? É tão frustrante. Será que devo insistir? Estou quase, ja passou 25% do tempo da escrita automática.  Também é possível que este processo não sirva para mim. Dei agora o olho no texto que estou a escrever só para garantir que estou a usar o teclado português. E estou. Mas este teclado nem tem o layout tuga, então não vejo as teclas desenhadas. Mas continuo a olhar para elas. Só para ter algo em que me focar. O meu pensamento foca e desfoca num dedilhar. Ainda bem que escrevo rápido.

 

Isto é impublicável né?

 

Vai um homem a subir o monte, encontra uma ruiva no topo da montanha. Era um monte ou uma montanha? Sei lá, era qualquer coisa alta. Porquê uma ruiva? Porque não. Lembrei-me, não preciso de justificar. Caralho para a Tinoca com merdas sobre crianças pseudo-poéticas. Foda-se, deixa-me mudar a música, não aguento mais isto. Pleassse. Devia ter escrito Pleaasse. Acho que me esqueci do E. Sei lá. Isto é tudo lixo, não vou conseguir aproveitar ideia nenhuma. É muita pressão fazer isto. Vou dar um gole e mudar a música, tá bem?

 

Mudado e bebido. Coloquei o primeiro álbum do Rui, acho que nunca ouvir, vamos lá. Roendo uma laranja na falésia. Boa. Estou a gostar. Mas com letra não consigo concentrar-me para escrever nada criativo.

 

Voltando ao homem-vagina, porque é que estou a bater nesta tecla? Por ter visto a vulva da minha namorada tomar proporções inusitadas? Gigantescas? Parecer um vulcão em ebulição?

 

Não sei. Mas havia um pessegueiro na ilha. De Odemira ou lá o que é. Será que faz sentido o que o gajo está a dizer? Acho que não, mas teve sucesso. Como é que parto daqui? Só me apetece chorar com esta frustração de tentar ser escritor e não conseguir. Não sei para onde posso ir. Estou triste. Muito triste, sou uma merda. O que faço? Não tenho sentimento nem sentido, sentimento tenho, sinto-me mal queria escrever sentido ou propósito. Mas indo pelo absurdismo, nada tem propósito. Só gostava de fazer coisas que me fizessem sentir bem. Preciso de um projecto.  Ah, posso aproveitar os 7 minutos que faltam para um brainstorm sobre a cena de partir a perna da cama. Acho que não é uma boa cena. Sei que devia ter alguma distância sobre o que escrevi para o observar com novos olhos, mas acho que posso ir pensando numa alternativa.

 

O que é que o Guilherme pode fazer ao tentar ajudar o Rui? De…

 

Engasguei-me com aguardente. Acho que já estou a beber demais. Vou parar.

 

Mas o que é que o Guilherme pode fazer então para criar animosidade e ao mesmo tempo arranjar uma solução em cima do joelho que demonstre que até tem espírito de amizade? Não sei, precisava de parar para pensar e a escrever sem parar não consigo fazer isso. É demasiada pressão.

 

Não sei se volto a fazer este exercício, é demasiado caótico, até para mim.

 

Mas vamos ver o que sai. Precisava de pensar, por a mão no queixo e assim. Uma cena mesmo à pensador, para me sentir pseudo intelectual ou qualquer coisa.

 

São só rabiscos cheios de erros. Nem devia, devia ter melhor dactilografia

 

E o acordo ortográfico? É uma merda né. Foda-se para ele, acabem com esta merda.

 

Vou votar no Livre, não sei se quero escrever muito sobre isso, ou será que quero, consigo listar as razões para votar no livre?

 

Pá, é progressista. O bloco é demasiado radical, parece-me. Recusa sequer trocar duas de letra com alguém de direita so por ser de direita. Acho limitador e infantil. Pá, tentem entendimentos com todos. Estar a fechar portas é uma merda. Até o PAN tem uma posição melhor.

 

Mas pronto, o Livre, apesar de ter medidas muito despesistas, tem ideias para o futuro da sociedade, e acho que é aí que se deve investir, não no passado . Vamos pra frente, reduzir o trabalho, aumentar a cultura, ter uma sociedade mais ociosa, criativa, rica, educadora, feliz. FELIZ! Ninguém é feliz a trabalhar. Ou muito pouca gente o é. Eu não sou, só me apetece despedir, mesmo. Mas não posso fazer isso agora que sou pai. Ou até podia, se as ações valessem mais. Não tenho grandes ideais. Estou numa das empresas que está na raiz do problema e quero lucrar com ações e criptos e mercados financeiros. E só me sai mal. É triste né? Depois digo que sou de esquerda. Mas eu não preciso ser coerente. Não faço disto vida. Não faço de nada vida na verdade. Nenhum de nós faz. Somos todos hipócritas e não sabemos o que andamos aqui a fazer. Só a passar o tempo da melhor maneira possível. So it goes…