As pessoas teimam em discutir caminhos. Nos dias que correm, dias em que não vamos comprar pão sem uma traquitana a acompanhar todos os nossos passos, ainda se teima a falar sobre como chegar a sítios. 

Para saires daqui, vais até à primeira rotunda, rotunda mesmo, não aquele cruzamento que parece uma rotunda, aquilo parece mas não é, é só mesmo um cruzamento. Cuidado ali que uma vez estavam lá a fazer obras, não tinham as linhas do chão e eu entrei em contramão. Pronto, tem uma rotunda a seguir ao cruzamento que parece uma rotunda. Chegando lá, se fores por baixo é a primeira saída. Pois, como é que sais daqui? Viras logo no largo que tem aquele talho onde uma vez comprei aquele rolo de carne que comemos com aquele tinto que o meu cunhado ofereceu pelo natal. Por aí é ir por baixo. Se não virares aí e seguires em frente também dá, não sei é se é tão bom caminho. Se calhar até é, desde que alcatroaram aquele último troço que ficou impecável. É, vai por cima. Sendo assim, se fores por cima é a segunda saída na rotunda. Não tem que enganar, vês lá o sinal da farmácia e é aí. Depois já não tem que enganar, é sempre em frente até à GNR. Pois, vai passar pela GNR e já bebeste duas cervejas. São só duas, se fosse uma cerveja e um whisky já acusavas mas assim é tranquilo. Eles também não costumam lá estar num dia da semana. Se jogasse o Académico estavam lá de certeza, como hoje é quarta e não há jogo vais descansado.

Este tipo de exposição costuma demorar uns bons dez minutos. Mas há pior, se quem está a ser indicado tiver opiniões fortes ou contrárias ou se não fizer ideia do que o oráculo da rodovia está a dizer, a coisa é capaz de se estender por mais meia hora. Se chamarem o Google, ele leva-vos a casa e ainda vos canta uma música quando chegarem ao destino. Quem é o amigo quem é?