Pára-me de repente o pensamento
O cigarro chinês, ou moxabustão, cheira a sálvia. Evoca-me pensamentos de criança quando comprei sálvia pela internet e fumei com amigos. Foi perto da altura em que perdi a virgindade, se é que isso significa algo. Pode até ligar a minha primeira experiência sexual com outra pessoa ao nascimento de um filho. As ervas ligam-me no éter e dão-me uma interpretação estranha e sobrenatural.
Passei-me, enlouqueci e esmaguei uma bolacha belga. O atraso fez-me confusão, tirou-me do sério. Vê-la a empurrar bolas pela vagina ajudou a acalmar. Mas a ansiedade é muita. Mas acho que acalmei.
Ver o filme que dá o título a esta entrada foi óptimo. O que dizer. O filme é incrível. Os dois amigos, o que ri muito e o intelectual são dos melhores bromances que vi no cinema. Diz tanto. A fé é colocada como loucura.
O que lembrar mais? Era o dia em que o Gaspar devia nascer.
E por falar de catequese, uma música com letra que me bateu, Criatura - Da praxe.
E aqui ficam poemas estranhos. O primeiro foi a evocação da loucura, o segundo um exercício parvo de subida e descida de número de sílabas. Um joguinho parvo.
Li partes do Orpheu. Tentei comprar o livro de poesias completas de Ângelo de Lima mas não encontrei em lojas. Vou tentar comprar usado no OLX.
Um dia isto vai ser uma lista de tópicos. Espero que não.
Comida: bacalhau à brás.
Bebida: Martha’s (aguardente)
Pára-me de repente o pensamento
Não pára mas sussurra
Volta e encaixa a alma nossa
Descola e prega tal enigma
Surge e ilumina eterna vida
Rebola e circunda, eterna resplandece
Cresce
Favor a mim não faz igual
Um quadro a saber a fim
Envolto em umbigos chineses
Charuto da mesma nacionalidade
Esforça e expulsa o tal petiz
Tece a teia por um triz
Escuta a luz da candeia
Que parece que some
Escuta a palavra alheia
Não fala nem come
Surpreende a criatura vil
Com um beijo bianal
Acompanha vinho com o pernil
Espanta lá esse mal
Segundo nome na prateleira
Foge foge e repudia
Esconde o homem no mato
No domingo não se lavra
Na Lua esconde a fé
Que sirva de exemplo
Compro a tralha já usada
Visto a bata deformada
Corro atrás da mal amada
Passo a agulha por entre a malha
Fala por mim ó Mercúrio
Brinca comigo ó metal
Imprime-me sempre por dentro
Cospe-me a malta indignada
Foge ao sarilho da gente
Mija na corda e escorrega
Embrulha o caralho na terra
Cospe a canção na orelha virgem
Enfia e aprende
Que se de nada serve também tudo bem
Depois passa
Faz coruja na balada
Espeta o caldo na embalagem
Figura o centeio lá espalhado
Cobre de cinza a capela
Vaia o pobre
Corre o espéctaculo
Passa por água
Usa lixívia
Pensa na outra vigília, saboreia o mar amargo
Lambe quatro ou lambe três
Chora na vinda
Dor de mais não cumpre pena
Fogaz febre cheira a menta
Canta e postiga, faz a vida em redoma
Curte a cena e regozija
Rola a bola e pensa
Traça e mistura, faz e coze, vai e volta, corta a palha
Reluz a cana e pesca, pira-te e desdenha
Corpo assente em tijolo
Furtado pela tribuna mais ausente
Cresce a forma e mata
Limonada
Lá
Longe
Merece
E falece
A onda fria
Agora esquece
E desaparece
Atrás da noite
E desce
Perto
Cá